No final de semana do dia 20/09/2025, aconteceu o Backstage, um evento que reuniu profissionais de UX Research e ReOps dispostos a debater temas críticos da nossa atuação e a compartilhar experiências, sucessos e erros de percurso.

A iniciativa, liderada por Luana Cruz, Tais Bernardes, Lilyth e Pedro Vargas, criou um espaço intimista de acolhimento e trocas, que me permitiu conhecer pessoas incríveis e muito inspiradoras. Pude conhecer os desafios presentes nos mais diversos contextos e estruturas de diferentes empresas e… realmente, às vezes parece que nenhuma experiência é individual! Hahaha

Tive também a alegria de conhecer o time de ReOps do willbank, que me encantou ao ver como é composto por mulheres de diferentes áreas de formação, cada uma com sua contribuição específica para a pesquisa de experiência e a gestão de operações. Nossa área é — e precisa ser cada vez mais — transdisciplinar.

Além da oportunidade de conhecer diferentes modos de fazer, pude refletir sobre o futuro da área, sobre as mudanças do mundo e sobre como podemos nos posicionar e agir para acompanhá-las.

O nome “Backstage” veio da percepção sobre o trabalho que acontece nos bastidores, especialmente quando o foco está em estruturar e gerir operações. Isso nos impõe desafios diários dentro das empresas, fazendo com que estejamos em constante busca por formas de mensurar o impacto do nosso trabalho. E isso exige sair de trás das cortinas. Sair de trás das cortinas requer coragem… e muita estratégia.

Lembro claramente de diversas ocasiões, ao longo da minha trajetória profissional, em que fui convidada a me expor mais e a “vender” o meu trabalho — ou o da minha área. Também me lembro da minha relutância. Já cheguei a dizer: “Eu não nasci pra isso. Eu nasci pra ficar nos bastidores, e tá tudo certo.”

Mas hoje, depois de algum tempo imersa na selva que é o mercado e o ambiente empresarial, e após algum tempo estudando e compreendendo qual é, de fato, a minha missão enquanto profissional de UX e ReOps, entendo que a exposição é uma necessidade — e também um benefício. Uma necessidade para dar visibilidade à importância e ao impacto do nosso trabalho. E um benefício porque permite que pessoas e áreas do ambiente em que estamos inseridas tenham a oportunidade de cocriar soluções e entender melhor o que estamos fazendo.

Ainda sobre afetos pessoais, vou me permitir uma licença poética para relembrar Rosana Paulino, artista brasileira que questiona a invisibilidade histórica, o silenciamento e as violências sofridas por mulheres negras ao longo da história do nosso país. Uma das séries criadas por ela chama-se Os bastidores. Fiz essa associação ao lembrar da minha experiência enquanto mulher negra em diferentes espaços. Me expor significa também me libertar desse silenciamento. Assim como nos ensinou o legado de Audre Lorde, que nos convidava a transformar nossos silêncios em linguagem e ação.

Saí do evento com muito mais clareza sobre o que preciso — e sobre o que quero — fazer na minha trilha de desenvolvimento profissional (e pessoal também).

Aproveito para compartilhar alguns insights que surgiram ao longo das rodas de conversa, direto do meu caderninho de anotações:


“Tá na hora de parar de tratar Research Ops como um puxadinho de pesquisa, quando fazemos parte de um todo”

Luana Cruz


“O projeto não é seu, é da empresa.”

Vivi Delvequio

Uma parte importante da estratégia é o buy-in das lideranças. Precisamos ser assertivos ao dar clareza sobre os processos e mudanças que estamos propondo, e os resultados que essas iniciativas podem alavancar. Tudo que fazemos precisa gerar valor para o contexto onde estamos inseridos.


“O óbvio precisa ser dito e repetido.”

Elenay

Ao documentar guias e boas práticas, é fundamental sermos didáticos e deixarmos claro o porquê de cada decisão. Lidar com cultura e aprendizado significa garantir que o conhecimento seja facilmente absorvido e memorizado por nossos clientes internos.


É importante saber quando podemos ser mais flexíveis com processos, pois eles precisam ser aplicáveis ao cotidiano das pessoas. Mas também é essencial reconhecer quando devemos ser rígidos — e quais fluxos são inegociáveis. Quando falamos, por exemplo, de LGPD, não podemos dar brechas ou recorrer a “jeitinhos”.


“Gestão pragmática do conhecimento”

Lilyth

Uma gestão pragmática do conhecimento significa integrar processos de documentação ao fluxo real da empresa. Não adianta criarmos uma solução inovadora e refinada que não funcione para as pessoas que irão utilizá-la. Repositórios e bases de conhecimento também precisam ser vistos como produtos — e, como todo produto, devem atender às necessidades das pessoas usuárias.


“Precisamos tirar a capa da invisibilidade”

Pedro Vargas

Precisamos nos adequar ao mercado e às mudanças globais, mas a essência do nosso trabalho tem dois focos principais: dados e pessoas (Pedro Vargas). Um papel de extrema importância que um(a) profissional de gestão de pesquisa pode assumir é o de proteger tanto as pessoas usuárias quanto quem realiza pesquisa. O cuidado com a integridade das pessoas, a ética e a ponte com os recursos humanos dentro de uma empresa são responsabilidades que não podem ser delegadas a uma IA. Estão em nossas mãos.

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